terça-feira, 22 de maio de 2012

Escola para travestis na Argentina usa metodologia do brasileiro Paulo Freire‏

21/05/201206h00 http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/05/21/escola-para-travestis-na-argentina-usa-metodologia-do-brasileiro-paulo-freire.htm
>Escola para travestis na Argentina usa metodologia do brasileiro Paulo
Freire
Thiago Minami
>Do UOL, em Buenos Aires
>
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> * Reprodução Panfleto da escola argentina Mocha Celis, que é voltada para
travestis
>
Quando chegou a Buenos Aires aos 15 anos de idade, a travesti Virginia
Silveira queria se tornar advogada. Abandonou a família e os estudos na terra
natal, Salta (a 1597 quilômetros de Buenos Aires), para realizar, sozinha, o
sonho nas elegantes ruas da capital argentina.
>A vida que levou, porém, não tinha nenhum charme. Como é comum entre as
travestis em diversos países, Virginia recorreu à prostituição para sobreviver
na cidade grande. “É uma rotina muito dura para uma adolescente. Mas você se vê
sem ter para onde correr”, diz. Como se vestia de menina desde pequena, era
vítima de exclusão na escola. Ficava de lado nos trabalhos em grupo e não
conseguia ir ao banheiro. “Me aguentava até voltar para casa, porque não me
sentia à vontade para ir com os meninos.”
>
>Veja
Álbum de fotos
Desde março, Virginia, hoje com 22 anos, está de volta aos estudos. Ela é uma
das 35 alunas da escola de travestis Mocha Celis. As aulas não são sobre como
usar salto alto ou se maquiar, mas, sim, um supletivo para quem não completou o
ensino médio, com aulas de língua, matemática, ciências e outras disciplinas que
estariam em qualquer instituição do tipo. Dez alunos são heterossexuais. Em
geral, eles são parte de outras minorias excluídas do sistema educacional, como
imigrantes.
>“A diferença é que agregamos discussões de gêneros aos tópicos das
disciplinas”, explica Francisco Quiñones, 27, um dos 25 coordenadores e também
professor do curso “Gênero” define a construção social da sexualidade e a
maneira como o indivíduo se vê. Virginia, por exemplo, nasceu com o sexo
masculino, mas seu gênero é feminino. Isso influencia o aprendizado em áreas
como a biologia, em que tradicionalmente só é abordada a divisão sexual entre
homens e mulheres. Na Mocha Celis, são discutidas também as razões para a
existência de travestis e transexuais – como a questão é vista pela biologia,
sociologia e psicologia.
>
>Gestão democrática
O educador brasileiro Paulo Freire é um dos mais citados do mundo.
Basicamente, ele preconiza a educação como um processo de transformação social.
Diz que é preciso acabar com a relação entre professor mestre-do-conhecimento e
aluno folha-de-papel-em-branco (veja mais abaixo).
>A Mocha Celis decidiu levar Freire a sério. Organiza as aulas em mesas
redondas, ao redor das quais educadores e estudantes debatem as questões lado a
lado. As regras são decididas em conjunto, como provam cartazes verdes colados
na sala de aula – uma norma é escrita a caneta e, abaixo dela, fica o espaço
para manifestações contrárias. Uma delas diz: “não se deve fumar em sala de
aula”, e logo alguém protesta: “por que não? E a liberdade de atitude?”.
>Chegar a um consenso, no entanto, leva tempo e nem sempre é possível. Na
Mocha Celis, além dos heterossexuais e os transexuais masculinos, há também as
femininas – meninos que nasceram meninas. Segundo Francisco, não há problemas de
relacionamentos entre as partes. “Só precisamos melhorar um pouco a integração
entre elas”, diz.
>
>Para Paulo Freire, aluno é sujeito, não espectador
A democracia na escola é um ponto essencial do pensador brasileiro Paulo
Freire. Para ele, professores e alunos estão em posições contrárias, mas ao
mesmo tempo de igualdade, com uma troca contínua de saberes e conhecimentos.
“Ninguém só aprende, ninguém só ensina. Não se diz ao outro a verdade, mas, com
ele, partilha-se a busca pelo conhecimento”, diz Agostinho Rosa, presidente do
Centro Paulo Freire, no Recife. Para Freire, estudantes não são vazios de
conhecimento. São sujeitos com histórias e vivências próprias, que devem ser
levadas em consideração a todo o tempo na sala de aula. Muitas vezes, surgem
contradições entre os universos que se tornam parte importante do processo de
aprendizado. “É pelo reconhecimento da diferença e da pluralidade que Paulo
Freire pensa a escola. Discutir com o outro é uma apropriação democrática”,
explica Rosa. Por meio da formação de protagonistas sociais, capacitados para
adquirir e produzir cultura, a escola pensada por Paulo Freire é capaz de gerar
consciência crítica, levar a transformações na sociedade e reverter as relações
de exploração.
>
>Este é só o primeiro desafio
Muitas alunas da Mocha Celis vivem da prostituição. Outras são manicures e
empregadas domésticas. “Em comum, todas sonham escolher a profissão que desejam
– e não serem obrigadas a seguir aquelas que a sociedade impõe”, diz
Quiñones.
>É o que leva Laura Barrionuevo, 28, a enfrentar três horas de transporte
público todos os dias para fazer o supletivo. Ela quer cursar radiologia. “É a
melhor oportunidade que tive na vida até agora”, conta à reportagem do UOL, logo após dar entrevista a dois canais locais de TV. Laura
trabalha de empregada doméstica e, assim como Virginia, também deixou a escola
porque não era aceita pelos demais.
>Quiñones é otimista em relação à exclusão no mercado de trabalho. “O Estado
está mudando a cabeça, então as empresas também devem seguir”, diz. A briga pela
aceitação social da diversidade é parte do currículo. No último dia 09,
professores e estudantes uniram-se na Praça do Congresso para pressionar o
Senado argentino a aprovar a Lei de Identidade e Gênero, que, entre outras
medidas, garante a operação gratuita de mudança de sexo a transexuais. Na mesma
data, a lei foi ratificada por unanimidade.
>
>Infraestrutura
Além das questões de ordem nacional, a Mocha Celis precisa enfrentar também
problemas como a falta de verba e infraestrutura. Ela é considerada um
“bacharelato popular”, um tipo de insituição educacional sem fins lucrativos que
recebe apoio financeiro do governo. A condição para o dinheiro chegar, porém, é
que pelo menos uma turma esteja formada. “Até lá, estamos fazendo uma vaquinha e
colocando do próprio bolso. Temos um gasto mensal de 12 mil pesos (R$ 6 mil)”,
afirma Francisco.
>
>Mais histórias
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Quem visita Buenos Aires a turismo dificilmente verá locais como a escola.
Funciona no quinto andar de um prédio antigo no bairro de Chacarita –sem nada da
beleza dos casarões característicos da cidade– e conta com pouco mais que uma
pequena lousa manchada, mesas velhas e instalações precárias, que parecem ter
sido abandonadas por um longo tempo. Numa cozinha com poucos utensílios, os
alunos fazem comida para sustentar os colegas mais pobres. Os ingredientes são
comprados em conjunto.
>O ambiente parece relembrar a história da própria Mocha Celis, travesti que
dá nome ao curso. Após ser levada à prisão diversas vezes, foi morta com três
tiros em condições obscuras – ao que tudo indica, vítima da violência policial.
Sempre que ia parar na cadeia, Mocha, analfabeta, precisava de ajuda para
assinar o próprio nome e ler os termos judiciais.
>Na Argentina, apenas 14 % das garotas travestis terminam o ensino
fundamental, contra 98 % do resto da população, segundo dados da ALITT
(Associação de Luta pela Identidade Travesti e Transgênero). A falta de educação
e a vida cheia de riscos abaixa a expectativa de vida para 35 anos, comparável
aos países mais pobres do mundo em situação de guerra. Na Argentina, a
expectativa média da população geral é de 76 anos. Por isso, os estudantes estão
esperançosos. “Minha maior dor era não me sentir útil à sociedade”, diz
Virginia. “Aconselho os travestis a sair da prostituição. Assim vão se dar conta
de que a vida é bem maior e não vão querer voltar nunca mais ao passado.”
>
>
>
>Manuel
Romário Saldanha NetoMESTRE
PELA UFPE
>filósofo,
arte-educador, agente sócio-cultural
>MNU
MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO-LGBT
>LGBT
DE TERREIRO E COMUNIDADE
>NÚCLEO
DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA HOMOSSEXUAL DA UFPE
>Endereço
para acessar Currículo:
>http://lattes.cnpq.br/2489286774040948
>(81) 3221 6920 - 96473310
>manuel.saldanha@hotmail.com
>http://sociologiaemrede.ning.com/profiles/blog/list?user=0l85y6thgp2i1
>http://pt-br.facebook.com/people/Manuel-Rom%C3%A1rio-Saldanha-Neto/100001404447604

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