segunda-feira, 9 de julho de 2012

MS: Travesti internada diz que foi espancada por homofobia‏

Fonte: http://brasil.gay1.com.br/2011/07/ms-travesti-internada-diz-que-foi.html#

Rayssa, 31 anos, está internada na Santa Casa de Campo Grande desde o
último dia 10, com afundamento de crânio e outras marcas de agressão.
Ela foi vítima de um ataque na região da Avenida Costa e Silva, nas
proximidades de um supermercado atacadista da Capital sem motivo
aparente. Segundo ela, o espancamento foi um ato de homofobia.

A travesti, que prefere ser chamada de Rayssa, conta que no dia 10 de
junho, diferente de seu hábito, resolveu ingerir bebida alcoólica com
amigas no período da tarde. Quando resolveu ir embora, sentiu-se tonta
e, antes de voltar para a república onde mora, decidiu andar um pouco a
pé para ver se passava o efeito de tontura que sentia.

Rayssa
conta que ao passar na lateral de um grande muro de uma borracharia foi
atacada com uma pancada forte na cabeça, que provocou seu desmaio. A
travesti não sabe dizer ao certo quanto tempo permaneceu desacordada,
mas acredita que aproximadamente 50 minutos até retornar sua consciência e ser socorrida por um casal que passava de carro e parou para ajudar.

Antes de ser levada para a Santa Casa, a travesti lembra que passou por uma
unidade de saúde pública e depois transportada pelo Corpo de Bombeiros
para onde permanece internada. Com afundamento de crânio, Rayssa teve
que passar por um implante de placa de titânio e agora aguarda para
fazer uma cirurgia reparadora no nariz, já que ficou com fratura exposta
por conta da agressão sofrida.

Nestes dias que já passou na
Santa Casa Rayssa tem ocupado o tempo fazendo crochê, inclusive já
conquistou clientes com seu trabalho. Vindo de uma cidade do interior do
Estado, a travesti conta que está em Campo Grande há 15 anos e nunca
tinha sofrido violência. “Agora tenho até medo de sair daqui e ter que
enfrentar as ruas”, diz frisando que não faz programas sexuais. Ela
trabalha na própria república de travestis, que fica na região onde fora
atacada.

Homofobia
Questionada sobre que motivos motivaram a agressão contra ela, a travesti acredita ser uma vítima de homofobia.

A suspeita de que foi vítima de homofobia é por estar numa região
conhecida como "reduto de homossessuais que fazem ponto em busca de
clientes para programas". Além disso, Rayssa recorda de fatos que
aconteceram com amigas suas e histórias contadas por elas. “Duas colegas
que fazem programa e moram na mesma república que eu apanharam alí
naquela região. Outra na área central. Isto vem piorando dos últimos
sete anos para cá. A gente vê também que muitos estudantes da federal
(Universidade Federal) passam com ares de gozação. Não quero acusar
ninguém, mas isto é uma grande demonstração de que as pessoas exalam
preconceito”, diz.

Segundo relato de Rayssa, há aproximadamente
um ano, uma travesti morreu depois de levar uma pancada na nuca quando
esperava cliente, desmaiou e acabou morrendo.

Direitos Humanos
O Centro de Defesa dos Direitos Humanos Marçal de Souza (CDDH) recebe
constantemente reclamações e denúncias de LGBTs relatando violência
física e moral. O presidente da entidade, Paulo Ângelo de Souza, relata
que muitas vítimas se sentem constrangidas para procurar a polícia e
formalizar uma queixa.

“Tem casos nos quais este público sofre
situação vexatória dentro da própria delegacia ou destacamento militar,
porque ainda há policiais não preparados para este tipo de atendimento, e
então eles acabam desistindo. Mas é importante que registrem e façam
questão que conste que se trata de crime com característica homofóbica”,
orienta.

Outra opção é procurar o CDDH para formalizar a
denúncia. De acordo com Paulo Angelo, Campo Grande e cidades da região
norte do Estado são as que estão com mais casos de homofobia que resulta
em violência física e, na maioria deles, o registro acaba ficando
apenas como lesão corporal, o que traz prejuízo para dados estatísticos
que podem resultar em maior atenção para desenvolvimento de políticas
públicas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário