Aluno do curso de drag queen mostrado pelo Fantástico é demitido
Dois
domingos atrás, o Fantástico foi a Santos conhecer um curso que se
destina a formar drag queens. Durante a gravação, um aluno se destacou
e,
quando voltou ao trabalho, o aprendiz de drag teve uma surpresa. E não
foi nada agradável.
Foi
Ailton aparecer no Fantástico na semana passada. “Sou psicólogo,
administrador, professor da área de logística e quase drag.”, disse ele
na reportagem.
No
dia seguinte, tudo mudou. “Um dos meus chefes, simplesmente chegou para
mim e disse que não era condizente com ele, que aquilo não era bom para
empresa, não era bom para a imagem”, conta o professor.
A
reportagem era sobre um curso de drag queen, e Ailton era um dos
alunos. Ele andou de salto alto, dançou, cantou. Ele era professor de
logística em uma escola, no centro de São Vicente, litoral de São Paulo.
Ficou dois anos e meio no emprego.
Na
segunda-feira depois da reportagem, recebeu o aviso do chefe, antes
mesmo de chegar ao trabalho. “Ele falou abertamente: ‘você está
demitido’”, conta.
A
carta de demissão diz que Ailton foi despedido “sem justa causa”, mas
ele acha que o motivo está claro. “Sofri um ato homofóbico”, desabafa.
Por
isso, o professor registrou um boletim de ocorrência por “injúria”.
Contou à polícia que o patrão disse que ele era uma “mancha para sua
empresa”. Ailton ficou apenas com o segundo emprego, em uma entidade que
oferece cursos profissionalizantes de graça.
O
professor é homossexual assumido e alega que o agora ex-chefe sabia
disso. “Eu não imaginava que fosse gerar essa polêmica toda”, se
emociona
Ailton.
Procuramos
o dono da empresa. Ele conversou com nossa equipe, mas não quis gravar
entrevista. Em uma nota, o advogado da escola contesta a versão de
Ailton. Afirma que a empresa está “indignada com as inverdades
mencionadas e que tomará medidas judiciais para proteger sua honra”.
O
ex-patrão de Ailton negou qualquer tipo de preconceito, disse que já
vinha pensando em demitir o ex-funcionário, porque o rendimento dele
estava caindo e que Ailton também estava faltando. Ele achou melhor
fazer o desligamento, depois que Ailton não apareceu na escola durante
dois dias, porque estava participando do curso de drag queen.
Repórter: Você faltava?
Ailton: O único dia que eu faltei, foi exatamente no Sábado de Aleluia. Na quinta-feira, eu havia deixado uma atividade.
Para
a presidente da Comissão Nacional de Diversidade Sexual da Ordem dos
Advogados do Brasil, demitir por causa de duas faltas é exagero.
“Não
houve nenhuma advertência e simplesmente
a demissão? Dois dias de falta não ensejam a demissão desta forma como
foi feito. Acho que isso fica evidenciado, que foi uma demissão causada
por homofobia.”, afirma Maria Berenice Dias.
Chateados, os colegas do curso de drag queen mandaram recados para o ex-patrão de Ailton.
“Agora
você deveria conversar com o Ailton e trazer ele de volta. Faz isso que
eu to te pedindo. Chama ele de volta que eu acho que vai ser melhor pra
todo mundo.”
“Eu
aproveitaria o marketing que o Ailton teve, colocaria ele montado de
drag na frente da loja. Eu garanto que ia ter muito mais público. Pensa
nisso. Contrata ele agora como drag!”, sugere Zé Carlos Gomes,
coordenador do curso .
Segundo a representante da OAB, Ailton pode pedir indenização por danos morais. Mas ele não se decidiu.
“Eu não sei te dizer até que ponto a indenização é interessante? Eu só sei de uma coisa: preconceito não pode existir.
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